Dezenas vão às ruas de São Sebastião contra embarque de boi vivo

Dezenas de pessoas se reuniram na manhã deste sábado (10) em São Sebastião para protestar contra o embarque de carga viva. Os manifestantes seguiram para a porta da casa do prefeito Felipe Augusto com faixas denunciando maus tratos e pediram um audiência pública para debater o assunto com a sociedade. O gestor já se posicionou publicamente algumas vezes a favor do embarque.

Durante o protesto, Felipe Augusto usou as redes sociais para confirmar o movimento em frente à sua casa e registrar sua posição favorável aos trabalhadores portuários. “Estamos juntos”.

O movimento ganhou força após dois episódios de queda de animais no mar durante o embarque no Porto de São Sebastião. O município é o único do estado de São Paulo que ainda realiza a prática. A cidade de Santos foi a última a proibir o embarque de gado vivo, após uma série de manifestações pelo País.

De acordo com ativistas da causa animal, os navios que transportam gado viajam meses sem condições míninas de higiene e alimentação para os animais. Além disso, o impacto ambiental também seria expressivo, pois as embarcações utilizadas possuem condições precárias e depositariam diretamente no mar fezes, sangue, vísceras e até corpos de animais que morrem frequentemente nos trajetos. Além disso, os fortes odores que a prática causa afetaria ainda o turismo na cidade.

De acordo com a Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), o porto de São Sebastião não possui os requisitos ambientais exigidos em lei pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), mas realiza o embarque de 10 mil cabeças de gado por mês em média. A atividade gera uma movimentação média de R$ 300 mil por dia de embarque.

O primeiro navio deste tipo atracou em água sebastianense há 26 anos. A ação chegou a ser interrompida, mas foi retomada no ano 2000 permanecendo até os dias atuais. De acordo com a a Cia Docas, neste período houve um crescimento considerável da operação e embarque de bovinos que normalmente são exportados para países como a Turquia.

Vereadores que defendem a prática afirmam que o embarque de carga viva representa um terço da movimentação no Porto de São Sebastião. A atividade gera 200 empregos diretos e 300 indiretos a cada embarque.

O Boi Herói

No dia 14 de junho, um boi que estava sendo embarcado no Porto de São Sebastião caiu no mar e nadou durante cinco horas, quando foi resgatado pela tripulação do veleiro Endurance a 10 quilômetros de distância do local da queda. A equipe rebocou o animal até a praia das Cigarras com uma boia para flutuação da cabeça. Segundo os tripulantes, o animal estava muito estressado e tentou subir na embarcação com visível desespero. O animal ficou conhecido como Boi Herói. Ativistas ainda tentaram comprar o animal para libertá-lo, mas ele foi reembarcado no navio Adelta, de bandeira do Panamá, rumo ao Oriente Médio.

PL

Tramita na Assembleia Legislativa um Projeto de Lei (PL) que visa suspender o embarque de carga viva para fins de abate, de autoria do deputado estadual Feliciano Filho (PPS).

De acordo com o parlamentar, “existem laudos veterinários contrários ao embarque e juízes, procuradores e promotores também já publicaram pareceres contra essa atividade. O sofrimento dura de 15 a 20 dias em embarcações quentes, imundas e apertadas. Estamos vendo até mesmo casos de bois que se jogam ao mar em tentativas desesperadas de fugir desses navios da morte, como foi o caso documentado do boizinho Herói, que pulou de um navio e nadou por cerca de cinco horas em águas geladas até ser resgatado”.

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