O animal ficou a deriva por cerca de cinco horas e foi resgatado a 10 quilômetros de distância do porto por um veleiro
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O animal apresentava sinais de cansaço e estresse (Foto: Divulgação) |
Um boi caiu no mar quando estava sendo embarcado no porto de São Sebastião rumo ao Oriente Médio, na madrugada desta quinta-feira (14). O animal subia a bordo no navio Adelta, com bandeira do Panamá, quando despencou e ficou a deriva por cerca de cinco horas. Ele foi resgatado pela tripulação do veleiro Endurance a 10 quilômetros de distância do porto. A equipe rebocou o animal até a praia das Cigarras, por volta das 8h.
Este é o segundo caso de gado despencando do porto em menos de uma semana. Nas duas vezes os animais sobreviventes foram reembarcados e seguiram viagem.
De acordo com o marinheiro do Endurance, Pedro Felde, o boi estava muito cansado e apresentava sinais de estresse. “Ele tentou subir no veleiro para se salvar, mas conseguimos amarrar um cabo e colocar uma boia para flutuação da cabeça. Deste modo, o levamos puxado até a terra firme e esperamos o resgate”, conta ele.
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O boi acidentado voltou para o navio Delta-Panamá (Foto: Divulgação) |
A Defesa Civil e a empresa responsável pelo embarque foram acionadas e levaram o animal de volta ao porto. Segundo testemunhas que estavam na praia, uma veterinária chegou ao local, mas o boi foi colocado no caminhão antes que pudesse receber os cuidados médicos. O navio Aldelta segue ancorado em São Sebastião e deve seguir viagem nesta sexta-feira (15).
Ativistas da causa animal afirmam que o gado viaja meses sem condições míninas de higiene e alimentação. Além disso, o impacto ambiental também seria expressivo, pois as embarcações utilizadas possuem condições precárias e depositariam diretamente no mar fezes, sangue, vísceras e até corpos de animais que morrem frequentemente nos trajetos.
De acordo com a Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), o porto de São Sebastião não possui os requisitos ambientais exigidos em lei pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), mas realiza o embarque de 10 mil cabeças de gados por mês em média.
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Minifestantes começam se reunir no porto de SS (Foto: Divulgação) |
Manifestantes se reuniram no fim da tarde desta quinta e seguiram até a noite em frente ao porto de São Sebastião para protestar contra o transporte de carga viva e cobrar respostas das autoridades.
Ação Judicial
Uma ação civil pública encabeçada pela Anda pediu a proibição do transporte de carga viva devido os danos ambientais da atividade, que poderia impactar diretamente seis unidades de conservação que existem no entorno do porto de São Sebastião.
O juíz da Vara da Fazenda entendeu que o pedido era parecido com duas outras ações que denunciam os maus tratos aos animais e correm em nível nacional, pedindo a proibição em todos os portos do País, e acabou encaminhado o processo para a Vara Federal de Caraguatatuba, alegando que os assuntos do porto são de competência federal. Após um mês, o juíz acabou negando o pedido de suspensão das atividades com animais no porto e a ação seguiu para a Vara Federal de São Paulo, onde segue suspensa, já que deve aguardar a decisão do processo principal.