Na noite chuvosa deste domingo, dia 5, um grupo de jovens atores de São Sebastião, da Cia. Líber Pather, apresentou a peça Cordéis, no Teatro Municipal da cidade. A encenação concluiu a Mostra Cênica 2016 – noticiada pelo Nova Imprensa.
Cordéis foi escolhida pela diretora do Teatro, Márcia Siene, para abrir a programação de aniversário do Teatro. A peça é inspirada em textos de vários poetas e músicos como Tom Zé, Teo Azevedo, Fernando Bonassi e Lirinha. É um retrato de cores fortes da vida nos sertões, vida indigente e violenta.
O elenco foi formado por Ana Paula Sena, Gabriel Castro, Guilherme Soares, Mário Farias e Samara Santos. Direção de Caio Rocha e produção de Guilherme Soares; iluminação de Fernando Daniel Garcia e sonoplastia de Vitor Moreira. A bilheteria ficou a cargo de Laura Franco.
A iluminação cenográfica aliada à expressividade corporal e facial dos atores e atrizes, estimulou a feitura de fotos que buscaram ser tão impactantes quanto a peça encenada. São estas as fotos da semana que desejam também valorizar o protagonismo dessa companhia e do Teatro Municipal de São Sebastião no esforço de oferecer entretenimento e cultura de qualidade.
Um fato digno de nota, que tristemente confirmou que os sertões não estão assim tão distantes de nós, moradores do Litoral Norte, aconteceu quando voltávamos caminhando do teatro para balsa, eu e Tana. Quando nos aproximamos da rua que sai da Praça de Eventos e chega próximo ao bolsão de embarque, fomos quase cercados por três assaltantes. Quase, porque percebemos em tempo hábil que a intenção de nos abordar era evidente, pela maneira como nos encaravam e como se articulavam para roubar-nos logo à frente. Tivemos presença de espírito para retornarmos com rapidez à área bem iluminada e com gente dos bares e restaurantes da rua da praia. Tomamos então um táxi até a balsa para chegarmos em segurança. Esse percurso perigoso já foi pauta de matéria jornalística, noticiando manifestação de estudantes que cansaram de ser assaltados e pediam que o poder público tomasse providências, melhorando o policiamento e a iluminação.
Pois é. A vida cruel do sertanejo encontra paralelo com a nossa. O sul maravilha há muito deixou de maravilhar-nos. Na verdade, para o nosso bem-estar, é preciso estarmos sempre despertos e atentos. É preciso vivermos reféns do nosso próprio medo, prisioneiros, dentro de casas cercadas por muros e arame farpado ou dentro de carros de vidros pretos, indevassáveis ao olhar.