Prefeito assinou na última quinta-feira (25) a ordem de serviço para início da obra da orla que está orçada em R$ 5.298.722,56
(Foto: Divulgação) |
A comunidade de Boiçucanga, na Costa Sul de São Sebastião, vai realizar no domingo (28), às 16h, um piquenique pela Praça Pôr do Sol. Segundo moradores do bairro, a ação é uma forma de empoderamento popular. “O projeto de recuperação da orla chegou na contramão da vocação da praça, que é um espaço de cultura, arte, esporte, lazer. Eles propõem construir um Centro de Convenções voltado para o turismo de negócios e sem consultar a comunidade”, afirmam.
De acordo com a assessoria da prefeitura, o prefeito Ernane Primazzi assinou na última sexta-feira (25) a ordem de serviço para o início da obra na orla de Boiçucanga, que será executada pela empresa Volpp Construtora e Transportes Ltda, a partir da próxima semana. Orçado em R$ 5.298.722,56, a administração afirma que o projeto vai revitalizar toda a Praça Pôr do Sol e incluirá novas instalações, ampliação de sanitários, playground, Praça do Idoso, Centro de Convenções e vagas para estacionamento.
A comunidade reforça que o piquenique é uma ação popular de amor e alegria para mostrar a vocação da Praça Pôr do Sol. O evento público reunirá famílias e interessados em compartilhar arte, cultura, brincadeiras e histórias. Os moradores pedem para que adultos e crianças tragam lanches e o que de bom quiserem partilhar.
Em carta aberta publicada em rede social, os moradores ressaltam que “bem em frente à Praia de Boiçucanga (km 153 da SP-55), fica a Praça do Por do Sol, com pista de skate (super frequentada de dia e de noite), jardins e um Centro Cultural abandonado pelos gestores públicos. É triste ver um lugar tão bonito se deteriorando dia a dia”.
De acordo com moradores, em média 250 pessoas frequentam o espaço por semana, seja para oficinas culturais, seja para grupos da comunidade que utilizam para ensaios e atividades, seja para reuniões sociais da comunidade, além das ações esportivas que também ocorrem no local.
Questionamentos
Ainda na carta citam que “vários movimentos, desde 2011, foram feitos na intenção de abrir um canal de comunicação com a prefeitura”. Moradores de Boiçucanga complementam que receberam informações que o Centro de Convenções será para 350 pessoas, mas com cadeiras móveis.
“Ainda dizem que não vamos perder espaço, mas não conseguimos entender a logística disso, pois ficamos sabendo disso em informações paralelas, não em audiências públicas”, afirmam.
“O que eles vão fazer é uma interrogação para a comunidade. A prefeitura não realizou a etapa um, que é uma audiência pública e que pedimos há cinco anos. Onde está este projeto? Como será feito e como é que ele vai servir como espaço e centro cultural? Nós estamos falando de cultura, não só de oficinas culturais e estamos falando de espaços que a comunidade utiliza. Um artista quer vir na praça ensaiar e não vai ter local?”, questionam durante a entrevista.
A comunidade explica que houve momentos de diálogo com a administração municipal, mas sem retorno. “Em uma reunião do Conseg [Conselho de Segurança] eles enviaram um engenheiro, mas ficou nítido que ele não tinha conhecimento do projeto e vários moradores fizeram questionamentos que são feitos até hoje, pois ele não soube responder e prometeu voltar com alguém que pudesse responder, mas até hoje nada”.
“A gente pode estar enganado, agora isso só pode ser esclarecido com uma audiência publica para saber quanto tempo vai durar esta obra, qual o cronograma, por onde ela vai ser iniciada e por onde ela vai ser terminada, o que estará ali. Cadê o relatório técnico? Como se desmonta um equipamento cultural sem conversar com a comunidade? As questões não têm haver com política é a comunidade querendo ser ouvida e consultada”, concluem.
Mobilização
Conforme informações dos moradores, dentre as mobilizações realizadas nos últimos cinco anos pela reforma do espaço cultural, sete associações de São Sebastião deram entrada no Ministério Público, a comunidade ainda fez mutirão de manutenção, mutirão de limpeza, evento para abraço coletivo da praça, “Manifesta”, entrega de documentos oficiais nos setores públicos responsáveis. Ainda, uma comissão do Conselho Municipal de Políticas Culturais teve acesso à planta das obras e realizou uma reunião com Secretário de Habitação e Planejamento, onde entregaram um relatório de sugestões, porém afirmam não terem recebido resposta.
Movimento Abraço Praça Pôr do Sol (Foto: Divulgação) |
A população criou também uma campanha nas redes sociais intitulada #FicaPraçaPôrDoSol. Em uma das postagens, uma moradora de Boiçucanga ressaltou que “esse movimento não é de apoio nem de oposição à prefeitura. É uma declaração de amor e uma demonstração do desejo dos cidadãos que se organizaram a favor da preservação do único espaço público de cultura e arte de Guaecá à Boracéia”. “Porque um espaço construído em 2002, com aproximadamente 14 anos de existência, tem que ser demolido e não reformado?”.
Ao digitar na rede social #FicaPraçaPôrDoSol vemos várias manifestações, vídeos, fotos, declarações de moradores, associações, grupos, crianças que expressam o amor e carinho pelo espaço cultural.
Prefeitura
Conforme informações da administração municipal, a obra é para revitalização da orla de Boiçucanga, que inclui a recuperação total da Praça Pôr do Sol e instalação de vários equipamentos públicos. O projeto tem o prazo de 10 meses para conclusão, mas pretendem agilizar os serviços para entregar antes do prazo.
Segundo o prefeito, o projeto é importante sob o aspecto turístico e cultural de um espaço muito utilizado pela população e será possível oferecer melhores condições de trabalho para realizações de eventos e várias atividades com segurança e conforto.
De acordo com Ernane, a obra poderia estar adiantada se a prefeitura não tivesse enfrentado vários problemas. “Se não fossem interesses escusos e políticos, a obra já teria começado e poderia ser entregue mais cedo. Tivemos vários entraves políticos que atrapalharam o andamento do projeto que será executado e entregue à população”, argumentou o prefeito.
Sobre as oficinas culturais que acontecem na Praça Pôr do Sol, a prefeitura informou que as atividades já foram transferidas e ocorrem, de forma descentralizada, em vários prédios públicos, até a conclusão do projeto.