Recém-nascida abandonada: Laudo pode desmentir versão da mãe

Exame necroscópico aponta que bebê não tinha marcas
de violência; gari que a encontrou é demitida
Terreno baldio onde bebê foi encontrada (Foto: Google Street View/Reprodução)

Por Mara Cirino
O laudo necroscópico realizado na recém-nascida
encontrada morta em um terreno baldio localizado no Porto Grande, região
central de São Sebastião, no último dia 9, aponta que ela não foi vítima de
violência e não foi asfixiada. A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia,
mas as informações iniciais mostram que ela teria morrido de hipotermia.

De acordo com o delegado titular da Delegacia Central,
José Lamartine Fagundes, o primeiro
laudo mostra que a bebê era uma criança saudável. A mãe, T.R.S., 22 anos, vai
responder por abandono de incapaz. Ela foi presa horas depois do encontro da
bebê pela gari Adriana Aparecida Marroco e justificou que seguia para a casa de
seu companheiro quando percebeu que a pequena teria tido uma crise convulsiva e
parado de respirar.
Disse ainda que a havia deixando em um banco na
pracinha do bairro e não sabe como ela foi parar no terreno baldio.

Conforme Lamartine Fagundes, só foi possível chegar
à mãe após uma denúncia anônima. “Já havíamos ido ao hospital (de Clínicas de
São Sebastião), que nos passou o nome de todas as parturientes daquele dia, mas
o da mãe não estava lá. Até que recebemos a denúncia”.

Diante disso, a equipe de investigadores da
Delegacia foi até a casa da mulher, no Canto do Mar, na região norte, mas ela não
foi localizada. No local, eles foram informados sobre onde ela trabalhava e
quando os policiais chegaram, a mãe foi logo confirmando que havia abandonado a
recém-nascida, mas mantendo a versão que ela estava morta.

O companheiro da acusada também foi ouvido, e teria
contado à polícia que não sabia do ocorrido até ser informado pela mulher. A
Polícia Civil também contou que familiares da suspeita explicaram que não sabia
que ela estava grávida.

Um inquérito policial foi instaurado para apurar as
circunstâncias da morte da bebê, uma vez que ela teria sido deixada no local na
sexta-feira (8) cedo e foi localizada só na manhã de sábado. A mãe vai responder em
liberdade.

Demissão
Adriana foi demitida após achar a bebê (Foto: Divulgação)
O que chama a atenção neste caso, além da morte da
recém-nascida, é que a gari que a encontrou no terreno baldio foi demitida dias
depois pela Ecopav, empresa responsável pela coleta de lixo e limpeza das ruas
no município.

“Eles (empresa) alegaram que era por corte, mas
enquanto me demitiam teriam contratado mais três pessoas”. Disse ainda que a
justificativa que ouviu foi essa, mas ao mesmo tempo que era porque teria dado
entrevista quando do encontro da bebê.

Mãe de três filhos, de 20, 14 e 12 anos, ela diz que
“Deus está comigo e vou encontrar outro emprego”.

Corte
Em nota oficial, a diretoria da empresa Ecopav informou
que a demissão da varredora, Adriana Aparecida Marroco, nada tem a ver com o
episódio da recém-nascida encontrada morta na última semana.

“A empresa já havia planejado ajustes em seu quadro
funcional e aguardava tão somente o período legal para que as medidas fossem
aplicadas”, diz a empresa e acrescenta que a referida funcionária não foi a
única a ser dispensada da empresa na ocasião e que todos os direitos
trabalhistas estão assegurados.

A Ecopav ressalta também que é dever da empresa e
direito do funcionário que as tratativas da dispensa sigam de forma sigilosa
com intuito, único e exclusivo, de não expor o trabalhador.

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