‘Mães pela diversidade’ abre 2ª Parada LGBTQIAPN+ em Caraguatatuba domingo

A cidade de Caraguatatuba se prepara para receber, neste domingo (16/11), a 2ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+, um evento que transcende a festa para se consolidar como um poderoso ato político e afetivo na luta por dignidade e respeito. Abrindo o evento, cujo tema é ‘As cores da resistência’, estará um grupo que cresce a cada dia, o ‘Mães pela diversidade’.

O coletivo de mães e pais de pessoas LGBTQIAPN+ atua em todo o Brasil, principalmente em duas frentes: oferecer acolhimento e apoio para famílias que enfrentam o preconceito, e lutar por direitos civis e contra a violência e a LGBTfobia. O grupo surgiu em 2014/2015 e realiza atividades como palestras, grupos de apoio terapêutico e denúncias de injustiças.

A concentração está marcada para as 9h, em frente ao Teatro Mário Covas, região central da cidade, horário em que começam as palestras.

A organização define o movimento como a “expressão viva das cores da resistência, onde o simples ato de existir é um posicionamento de orgulho”, sem a necessidade de desculpas. Leia mais aqui.

Para entender a dimensão e o impacto deste evento, o Nova Imprensa conversou com Márcia Oliveira, coordenadora regional do coletivo Mães pela Diversidade, que tem um papel importante na mensagem desta edição.

 

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Mães pela Diversidade: A força do acolhimento na luta

mães pela diversidade

O coletivo Mães pela Diversidade estará à frente da manifestação, em um ato carregado de simbolismo. O objetivo é claro, explica Márcia: “Abrir a Parada, assim como fazemos em São Paulo, dizendo à sociedade que nossos filhos têm famílias que estão junto deles e que para chegar até eles precisam passar por nós, pais, mães, família”.

Embora a coordenação seja do Vale do Paraíba, o coletivo estende sua atuação ao Litoral Norte, participando de eventos e atividades regionais. No dia a dia, o trabalho principal é o acolhimento de famílias que ainda não compreendem ou têm dificuldade em aceitar a orientação ou identidade de seus filhos.

Paralelamente, realizam palestras em escolas e empresas, buscando educar e desconstruir preconceitos. “É importantíssimo que as famílias acolham seus filhos, não só para que eles se sintam amados e seguros, mas para que a sociedade os respeite. Esse respeito começa em casa,” ressalta Márcia.

A expectativa para a 2ª edição

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Embora não tenham participado da primeira edição, as ‘Mães pela Diversidade’ esperam que a 2ª Parada marque um avanço em relação ao ano anterior. “Por experiência, sabemos que a Parada se melhora, se renova e traz cada vez mais visibilidade, além de quebrar paradigmas”, afirma a coordenadora.

Para Márcia Oliveira, realizar a Parada em uma região ainda tida como preconceituosa e conservadora é um ato de extrema importância. “Uma Parada traz visibilidade à comunidade, além de voz para esse grupo tão marginalizado e carente de políticas públicas básicas: saúde, educação, empregabilidade. A Parada traz a público a existência de nossas famílias”, destaca.

A presença de um grupo de mães e pais, segundo ela, serve a múltiplos propósitos como representatividade e reflexão social, incentivo a outras famílias LGBTQIAPN+ a se posicionarem a favor de seus filhos. Além disso, convida famílias de filhos heterossexuais a se unirem à luta, “entendendo que se tem ali pessoas que fazem parte da sociedade com as mesmas dores, angústias, alegrias e verdades como qualquer outro indivíduo”, define.

O começo da luta

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O maior desafio da comunidade ainda é o preconceito e a violência. O coletivo faz um apelo direto às famílias em dificuldade para que, simbolicamente, saiam de seus armários. “Eles precisam de vocês. Vamos combater o ódio e o preconceito com nosso amor”, orienta a coordenadora.

A luta é profundamente pessoal para Márcia, que compartilhou sua experiência com o filho gay, Guilherme:

“Sempre fui uma pessoa extremamente preconceituosa e embora aceitasse com muito carinho meus alunos da comunidade, com filho era diferente. De imediato, senti uma frustração enorme, vi todas as minhas expectativas caírem por terra. Expectativas que eram minhas. Mas o amor que a gente tem no peito pode ser maior que tudo”, confessa.

A busca por informação e apoio de outras mães ‘iguais’ foi fundamental para a sua própria desconstrução do preconceito. A experiência mais difícil veio em 2020, quando Guilherme sofreu uma agressão homofóbica, durante as festas de Carnaval. Ele teve traumatismo craniano e um coágulo no cérebro. “Ele saiu do centro cirúrgico sem andar, falar, sem controle de suas necessidades fisiológicas. Hoje está bem, como sequela tem uma epilepsia pós-traumática controlada por remédios”, relembra.

“Imagine se ele não tivesse a família nessas horas? As minhas maiores dificuldades foram enfrentar a sociedade, o sentimento de culpa, o medo da violência, que perdura até hoje, mas confesso que as alegrias são maiores. Somos unidas pelo medo, mas nosso amor rompe o ódio”, completa.

Márcia convida a população de Caraguatatuba a apoiar a causa e o trabalho do ‘Mães pela Diversidade’, olhando para a comunidade com respeito, entendendo que todos passam as mesmas dores, angústias e alegrias. Por fim, o apelo é que a sociedade como um todo proporcione espaços seguros para a comunidade na rua, no trabalho e na escola.

Para mães que desejarem conhecer o trabalho do ‘Mães pela Diversidade’, basta entrar em contato com o Whatsapp (11) 97362-1805.

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