A realização de um torneio de futebol de praia, em São Sebastião, com seis jogos em três dias de competição, custou R$ 726 mil aos cofres públicos. O evento terminou no último domingo (18), no Balneário dos Trabalhadores.
O dinheiro foi pago à Asbra – associação brasileira para criação e desenvolvimento de modalidades esportivas. A justificativa é que somente a entidade seria credenciada para realizar o “Torneio Internacional de Beach Soccer”. Quase toda a quantia (R$ 700 mil) foi repassada pelo Governo do Estado. A Prefeitura de São Sebastião inteirou o restante.
O documento de justificativa da contratação, assinado pela secretária de Esportes, Elaine Nunes, diz que o evento atrairia “a atenção do Brasil e do mundo para São Sebastião” e “enorme fluxo de turistas de outros estados e países”. O objetivo também foi “desenvolver a modalidade entre os jovens sebastianenses”.
O Nova Imprensa acompanhou no local os jogos de sexta e domingo. A partida de abertura começou com oito pessoas nas arquibancadas. No segundo jogo, debaixo de chuva, chegou a 27. Alunos da escola Henrique Botelho, que tinham participado de outra atividade, foram levados para a arena e engrossaram o público, no setor coberto, durante parte do jogo.
No domingo ensolarado, o estacionamento do Balneário estava lotado. Isso porque o local recebia também uma competição de canoagem. Na arena de futebol de praia, não passou de 41 pessoas o público do jogo que definiu o campeão.
Já a última partida do torneio, com a presença de torcidas organizadas do Corinthians, chegou a cerca de 150 pessoas.
Procurada pela reportagem, a secretária Elaine acredita que os objetivos foram atingidos. Ela disse que grandes eventos atraem a população e inspiram a molecada para a prática da modalidade.
Além do Corinthians, foram convidados os times do Peñarol (Uruguai), Racing (Argentina) e Nacional (Paraguai). Os três primeiros são equipes tradicionais no futebol de campo, mas não aparecem no ranking mundial de clubes de futebol de praia. Apenas o Nacional figura no ranking, na posição 88. A equipe paraguaia foi a campeã do torneio.
Sem transparência
Desde o dia 8 de agosto, a reportagem tenta obter o Plano de Trabalho do convênio, firmado entre a Secretaria de Esportes do Estado e a Prefeitura de São Sebastião. O documento detalha as despesas que resultaram no custo de R$ 726 mil.
O pedido foi protocolado junto ao Estado, com base na Lei de Acesso à Informação, e o prazo venceu sem que o documento fosse fornecido. A reportagem acionou a Ouvidoria da Secretaria de Esportes, que identificou o coordenador Weber Matias dos Santos como responsável por reter o documento. A Ouvidoria prometeu tomar providências a fim de garantir o cumprimento da lei.
Neste domingo, a reportagem também formalizou o pedido à Prefeitura de São Sebastião.
Um torneio semelhante, realizado há três anos, no mesmo local, custou R$ 406 mil. Na época, a reportagem obteve o Plano de Trabalho e constatou despesas pagas que não foram efetivadas.