O número óbitos por Covid-19 no Hospital Regional do Litoral Norte (HRLN), localizado em Caraguatatuba, tem causado preocupação. Somente no mês de dezembro foram 11 casos sem nenhum registro na Casa de Saúde Stella Maris e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Covid.
Quando contados os últimos três meses de 2020 – com registro de aumento dos casos – e os primeiros dias de janeiro de 2021, são 26 morto, todos idosos e com algum tipo de comorbidade como diabetes, pressão alta. O mais novo tinha 49 anos. Neste mesmo período analisado foram seis casos no Stela Maris e três na UPA.
Para familiares de pessoas internadas, o protocolo adotado pelo HR seria o responsável pelo aumento dos óbitos. A advogada R.J. ficou com medo de perder o pai, de 80 anos, e a família entrou com uma notificação extra judicial para que ele pudesse ser transferido para uma outra unidade hospitalar, localizada em São Paulo.
“Meu pai entrou com 20% do pulmão comprometido e de um dia para o outro estava com 50%. Não davam nenhuma medicação para ele. Entrei em desespero e fui aconselhada a fazer a transferência”, revela.
Segundo ela, assim que foi para o novo hospital, a equipe médica entrou com a medicação que conhece como protocolo e seu pai voltou a reagir. Após 22 dias de internação, ele exibiu a plaquinha “eu sobrevivi à Covid” e pôde passar as festas natalinas com a família.
“Acredito que se tivesse sido medicado mais cedo ele não teria sofrido tanto, conta a filha que levou o pai para a UPA com 40 graus de febre e no mesmo dia foi transferido para o HR. “Em um dia eu falei com ele normalmente e no outro ele praticamente se despediu de mim, dizendo que estava morrendo”, relembra após o susto.
Procedimentos contra doença e óbitos
No Litoral Norte, a Casa de Saúde Saúde Stella Maris e a UPA Covid adotam como protocolo o uso de medicamentos como azitromicina, ivermectina e hidroxicloroquina em pacientes no estágio inicial da doença. O mesmo ocorre no Hospital de Clínicas de São Sebastião e Hospital Mario Covas, de Ilhabela. Apenas Ubatuba não tem esse procedimento porque a Santa Casa não está preparada para internar pacientes com Covid .
Em nota, o Hospital Regional do Litoral Norte explicou que todos os medicamentos prescritos pelos médicos da unidade estão baseados nos protocolos vigentes no SUS e mediante análise médica individualizada.
“Em São Paulo, os gestores de saúde deliberaram pela não recomendação do uso da cloroquina/hidroxicloroquina em casos leves, moderados ou graves de Covid-19 devido à insuficiência de evidências sobre a eficácia”, atestou.
Ainda conforme a Secretaria de Saúde do Estado, “o SUS já tem protocolos que preveêm o uso desse remédio para tratamento de doenças como artrite reumatoide, lúpus, artrite idiopática juvenil, dermatomiosite, polimiosite e malária”.
A nota segue informando que não há evidências científicas quanto ao uso de ivermectina para o coronavírus, conforme alerta divulgado pela Anvisa publicado no site.
E conclui que a rede hospitalar segue com plenas condições de assistir casos graves do novo coronavírus e que a atualização pode ser conferida diariamente no site.
Dados divulgados no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde de Caraguatatuba, emitido nesta quinta feira (7), mostram que dos 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional, 19 estão ocupados. Na enfermaria são 10 leitos dos quais cinco têm pacientes.
Diante do número de óbitos e da população flutuante neste período de alta temporada, em meados de dezembro do ano passado o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior, chegou a encaminhar ofício ao governador do Estado, João Dória, pedindo o aumento no número de leitos.
Agora, a preocupação é com a possibilidade de o governo do Estado encaminhar pacientes de outras regiões para serem tratados no HR e também outras unidades hospitalares do Litoral Norte.
Desde o início da pandemia da Covid a região registrou 14.654 casos da doença e 253 óbitos.