Uma das primeiras medidas da gestão do novo prefeito de Ilhabela, Antônio Colucci, foi remover dezenas de tendas alugadas e espalhadas pela cidade para abrigar, em sua maioria, exposição de artesanato. Os painéis de led para iluminação também serão retirados. A única estrutura que será mantida é a do embarque da balsa em São Sebastião.
A administração alega que as estruturas descaracterizam a cidade e que haverá economia de R$ 1 milhão aos cofres públicos com o rompimento do contrato junto a empresa fornecedora das tendas. Por outro lado, mais de 400 artesãos reclamam de terem seu ganha-pão colocado em cheque em plena temporada de verão.
A região com o maior número dessas estruturas e que abriga mais artistas é a do Centro Histórico, na Vila. “Essas tendas tem descaracterizado um importante ponto turístico e diminuído a visibilidade da história e da importância dessa região para quem nos visita”, declarou o prefeito.
Ele também afirmou que as tendas estavam acumulando lixo. “Quando recebemos uma visita, deixamos a casa limpa e em ordem para que ela se sinta bem recebida e deseje voltar. Infelizmente, essas estruturas contribuíram para o acumulo de sujeiras, dejetos humanos e ainda servindo de abrigo para moradores em situação de rua, estamos espantando os nossos visitantes com tamanha sujeira e desordem”.
Já a categoria de artesãos afirma que a ação foi um golpe para os trabalhadores e suas famílias. “Quando o cenário de incertezas da pandemia estava se estabilizando, essa decisão toruxe de novo o caos. Os artesãos pensavam que finalmente estavam seguros em seu espaço e agora um sentimento de angústia, dúvidas e abandono toma conta desses profissionais culturais e artísticos, que vivem de sua criatividade e são um dos mais ricos patrimônios culturais do no nosso País”, afirmou a artista de rua e membro fundadora do Fórum Popular de Cultura de Ilhabela, Dyulie Ben Bolon.
Ela conta que em meado de julho, membros do Fórum realizaram reunião virtual com artesãos da cidade junto a secretaria de Cultura e a regulamentação das atividades foi atendida via decreto, que determinou os lugares autorizados para a permanência das feiras. “A pior sensação é estar expondo sob o medo que a fiscalização vai chegar oprimindo e confiscando suas artes. As tendas proporcionavam uma estruturação digna”.
A artista afirma que a categoria vai seguir em busca de seus direitos.”Feira é cultura e é preciso manter viva essa prática milenar e que proporciona um turismo e economia sustentável em muitas cidades. Ao dirigirem-se às feiras as pessoas saem de suas casas dispostas a trocar, a interagir com o outro. E isso é precioso para uma sociedade mais humana e sem tanto consumismo. A rua é a vitrine aberta, que atrai olhares admiradores e curiosos pelas artes. A “volta ao normal” precisa ser nas ruas. Espaço público por excelência e amplo para as novas interações sociais”, defende ela.
Promessa
Sobre a legalização, a prefeitura afirmou que o espaço, inicialmente implantado para que artesãos licenciados estava abrigando não-licenciados. “Não prejudicaremos os que estão regularizados, eles serão realocados na praça das Bandeiras, na Vila”, disse Colucci.