Com custo de R$ 400 mil, projeto foi questionado pela população em audiência pública
Ícone da arquitetura brasileira apresenta projeto e é questionado (Foto: Divulgação) |
O arquiteto Ruy Ohtake apresentou seu projeto do mirante no Morro da Cruz em uma audiência pública na noite desta quarta-feira (27) e a sociedade se mostrou dividida sobre a proposta. A obra foi desenvolvida para receber até mil visitantes por dia e deve ter 25 metros de altura, sala administrativa, espaço para área técnica, saguão, cozinha, bar e elevador.
O planta do projeto teve um custo de R$ 400 mil, mas, segundo ambientalistas, não preserva as características naturais, históricas e culturais do arquipélago, além disso infringiria a Lei Orgânica Municipal que controla a altura das edificações na cidade. Mais de 150 munícipes participaram da audiência e apresentaram opiniões divergentes sobre a proposta. Membros da sociedade civil organizada e outros presentes questionaram as dimensões e a viabilidade da obra, uma vez que ofuscaria as paisagens naturais que formam a identidade de Ilhabela e impactaria na mobilidade urbana no entorno do local.
O arquiteto rebateu os questionamentos e deu exemplos de outras cidades que tiveram projetos parecidos, no Brasil e no exterior. “Muitas destas obras em princípio causaram certo impacto, mas depois foram incorporadas ao cotidiano e à paisagem da cidade, inclusive se tornando importantes referências para os visitantes”, disse o arquiteto, que já foi presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), entre 1979 e 1982.
Abaixo-assinado
Dias antes da audiência pública foi criado um abaixo-assinado para barrar a contrução do mirante. O documento já conta com cerca de 2.500 assinaturas e alega que a obra desrespeita a existência do Parque Estadual no entorno do Morro da Cruz, negando o direito à paisagem estabelecido em seu Plano de Manejo. Além disso, o projeto não teria um estudo de viabilidade e estaria em desacordo com uma série de leis.
Ruy Ohtake
Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU) em 1960, o arquiteto paulista vem imprimindo uma linguagem própria em mais de 300 obras realizadas no Brasil e no exterior. Elogiado por Oscar Niemeyer por sua liberdade plástica, o desenho de Ruy Ohtake, ganhador de 25 prêmios, está impresso em ruas e avenidas de importantes cidades brasileiras e no exterior.
É dele, por exemplo, entre outras obras em São Paulo, os hotéis Unique e Renaissance, o Expresso Tiradentes, o Centro Cultural de Guarulhos (Adamastor), o Instituto Tomie Ohtake e o Parque Ecológico do Tietê. Recentemente já viu construído seu projeto para a Orla de Bertioga e atualmente desenvolve um grande Aquário com peixes do Pantanal, em Mato Grosso do Sul.