Um dos maiores cineastas brasileiros é tema do projeto Conexão São Sebastião em julho
Cena do filme clássico “Amuleto de Ogum” (Foto: Divulgação) |
A cidade de São Sebastião terá sessões de cinema gratuitos em homenagem a um dos mais importantes e inovadores cineastas brasileiros, Nelson Pereira dos Santos. Serão quatro filmes clássicos, exibidos em diversos locais ao longo do mês de julho.
O projeto Conexão São Sebastião (CSS) é desenvolvido pela Associação Cultural Vento Forte, em parceria com a prefeitura da cidade. A programação é organizada por um tema mensal, com filmes relevantes da cinematografia e que, ao mesmo tempo, dialoguem com a realidade do município. As apresentações acontecem semanalmente no Observatório Ambiental (Centro), Cras (Boiçucanga), E.M. de Boracéia e Reserva Indígena Rio Silveiras.
Nelson Pereira dos Santos
Um dos principais diretores do cinema brasileiro, Nelson Pereira dos Santos trabalhou desde a década de 50 com diversos estilos cinematográficos, sem perder o profundo interesse na condição humana e organização social.
Seus primeiros longas, incluindo “Rio, 40 Graus” (filme precursor do Cinema Novo), são claramente influenciados pelo neo realismo italiano. Misturando imagens documentais com ficção, o diretor é um cronista percorrendo a cidade. Em 1963 lança o que seria a sua maior obra prima, “Vidas Secas” baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos. O filme foi exibido em dezenas de festivais, concorrendo a Palma de Ouro de Cannes e indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais para uma cinemateca.
Na década de 70, o diretor mergulha na cultura popular brasileira. Realiza o longa “O Amuleto de Ogum”, um olhar sobre as religiões de matriz africana e, filma ainda, “Azillo Muito Louco” baseado na obra de Machado de Assis e “Tenda dos Milagres” de Jorge Amado. Baseado nas aventuras de Hans Staden, o diretor realiza ainda “Como era gostoso o meu francês”, gravado em Paraty e falado em tupinambá. Nos anos 80, ele percorre o universo sertanejo, realizando o longa “Na estrada da vida” com a dupla sertaneja Milionário e José Rico e revisita a obra de Graciliano Ramos, através do longa “Memórias do Cárcere”.
O diretor continua produzindo, seu ultimo filme saiu em 2012, um documentário sobre Tom Jobim. Fundador do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense, foi o primeiro cineasta a se tornar membro da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de número cujo patrono é Castro Alves.